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O AMOR



Falar e pensar o amor, em meio a toda essa modernidade tecnológica em que vivemos, parece até utópico; no entanto, é bom lembrar que ele sempre foi, é e será, “o nobre sentimento que move o mundo”. Entretanto, redescobri-lo na idade madura é algo fora do comum.
O tempo - esse grande alquimista, transformador de tudo e de todos - vai passando e acomodando as coisas em seus lugares e, mesmo sem querer, as convenções sociais vão apontando o certo e o errado, o que deve ser seguido ou ser evitado.
Assim, também, acontece com o amor. Ele vai acontecendo de um jeito peculiar para cada um, e de diferentes formas em cada tempo, proporcionando prazeres diversos e únicos, ao longo da vida das pessoas.
Na juventude, ele é confundido com a paixão - sentimento avassalador, passageiro, inconsequente, desesperado, resultante da imaturidade e capaz de qualquer feito pelo um pelo outro. Já na idade adulta, surge maravilhoso, ainda com traços da paixão, porém, repleto de desejos, sonhos e ideais, muitos deles passíveis de serem realizados. E na idade madura? Como mantê-lo?
Não importando a idade ou o tempo que ele aconteça, como todo bom sentimento, ele também precisa ser alimentado todos os dias, seja com gestos amorosos, palavras elogiosas, muitos beijos e abraços e principalmente, fuga da rotina. Alguns sobrevivem às intempéries da vida, mas, o que se vê, com o passar do tempo, é um esfriamento nos relacionamentos, devido às inconstâncias do dia a dia e /ou pelas perspectivas frustradas em relação ao companheiro. Aquele sentimento irrequieto e abrasador de outrora, até então julgado eterno, vai sendo sublimado e, aos poucos, sendo substituído pela amizade, que se prolonga até que a morte os separe. Ou não?
Hoje, estar antenado com as novas tecnologias, e participar das redes sociais, é tão importante, quanto respirar. Valendo salientar que basta um celular moderninho para se conectar com o mundo. As mudanças de hábitos pessoais, a partir daí, têm sido tantas e tão gigantescas, que enumerá-las seria complicado. Contudo, no momento, é interessante citar a revolução ocorrida nos relacionamentos: atualmente, eles são mais virtuais que reais. A comunicação entre amigos, parentes ou mesmo pretendentes amorosos, através das redes sociais, tem sido uma febre, não apenas entre jovens, mas, em todas as esferas cronológicas. As pessoas começam a descobrir novas oportunidades nos relacionamentos, principalmente depois dos 50 anos, através das quais elas ficam mais abertas às críticas e passam a exteriorizar um pouco mais de si, facilitando o feedback. Mas isso não é tudo. Nessa idade, é complicado apostar num novo relacionamento. O primeiro passo é pesar os valores acumulados ao longo da vida, pra saber se vale a pena. Depois, testar se a libido ainda funciona - a preocupação com a estética também fala alto, e o espelho, amigo sincero, é consultado. Quando o resultado não é dos melhores, a insegurança, em relação ao parceiro, acontece e os questionamentos surgem: o que oferecer? O que esperar do outro? Todavia, nesse processo, o interessante é se dar conta de que as preocupações e inseguranças de hoje são as mesmas de ontem. Portanto, o amor vai sempre fragilizar ou fortalecer, as pessoas, dependendo da forma como será encarado.
Assim sendo, o amor deve ser vivido intensamente, independente da idade, ou tempo em que ocorra.
Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 20/03/2016


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr