Textos


Quebrando rotinas




O cumprimento de horários e os afazeres do dia a dia são tantos, sejam eles em casa ou em outros ambientes, como o do trabalho, que estamos sempre esperando ansiosos pelos feriados e/ou os dias de domingo, que é, no geral, dia de dormir até mais tarde, de passear ou mesmo até mesmo, de repouso para alguns. Enfim, um dia especial sem as obrigações de seguir rituais chatos.
Como eu frisei há pouco, para alguns, pois não me incluo nesse universo. Por mais que me esforce, não consigo dormir até mais tarde, nem tão pouco ficar ociosa por muito tempo, alias, por tempo algum. Estou sempre procurando o que não perdi, e acabo sempre por encontrar. A minha rotina acontece naturalmente todos os dias... Não importando, para isso, se sábados, domingos ou feriados. Não consigo guardá-la no armário nos finais de semana...
No sábado à noite, após um dia exaustivo de luta, pois como a casa estava florida com a presença dos filhos, comecei a me preparar para dormir, porém, o pensamento já fervilhava imaginando os afazeres do dia seguinte. O cardápio do almoço de domingo já estava montado, mas precisava também fazer alguns replantes no meu recanto chamado jardim, sem contar que tinha que revisar alguns textos antes que a segunda-feira chegasse. Seguramente, as atividades do domingo estavam mais ou menos organizadas.
Mas, como tudo na vida tem exceção, adormeci tão cansada no sábado, que nem me lembro de ter acordado durante a noite. O domingo chegou, e nem percebi, com os primeiros raios dourados do sol que entravam em meus aposentos, sem sequer pedir licença. Na verdade, aproveitavam as rótulas entreabertas e desprotegidas da minha janela e, aos poucos, creio eu, talvez até meio tímidos, iam entrando e iluminando os caminhos por onde passavam até então, na penumbra. Conforme percorria a sua rota no céu, os seus raios iam se esticando até que chegarem ao meu rosto.
Assustada, talvez pelo calor - já meio escaldante naquela hora do dia -, despertei tão abruptamente, que fincando os pés no chão, um tanto areada ainda, olhei a minha volta e meio que zonza percebi que havia perdido a hora. Precisei de alguns minutinhos para acordar direito e perceber que estava, sim, muito atrasada para começar a minha rotina!
Já de mau humor, escovei os dentes, e corri para a cozinha preocupada em recuperar o tempo perdido. Nada dava certo no preparo do café. Aliás, na minha cabeça já era quase hora de almoço... Meu Deus, que loucura!
Liguei o rádio, e assim que a sintonia se fez, uma canção do Roberto Carlos preencheu o ambiente e, de repente, dei-me conta de que era domingo, e que embora houvesse dormido um pouquinho além da conta, ainda podia me reorganizar e fazer tudo dar certo.
Aos poucos fui repensando os planos elaborados na noite anterior, enquanto passava a goma da tapioca na peneira...
Não por acaso, o Roberto começou a cantar “Eu preciso de você”, daí não deu outra, me embalei na canção e por um momento esqueci-me do meu tempo já tão corrido.
Quando voltei do meu devaneio, mandei as favas as minhas obrigações: não mais seria escrava da minha rotina tão “severa”. Decidi que não cumpriria a programação elaborada para aquele dia. Faria apenas o que desse certo e pronto.
Não é nada fácil quebrar rotinas, mas não custa tentar...
De volta às tapiocas, resolvi, literalmente, tomar o meu café com o “Rei” Roberto Carlos, ou melhor, me deliciando com as suas canções enquanto saboreava o meu desjejum!
Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 13/01/2016


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