Expectativa: Um grande desafio a ser combatido...
“A expectativa é a raiz de toda mágoa”.
― William Shakespeare.
O ato de viver é tão complexo e surpreendente, que nem sempre atentamos para tudo o que acontece em nosso íntimo, ou ao nosso redor.
Por mais que tenhamos o cuidado de interferir favoravelmente nesse processo, vez por outra, nos perdemos no caminho. Nossos atos, nem sempre coerentes, nos levam a estradas de difícil acesso. Um deles é, sem sombra de dúvida, a “expectativa”. Atitude baseada em situações utópicas que, quando não alcançadas, geram problemas emocionais seríssimos!
Shakespeare, conforme a citação no início do texto, já definia a “expectativa” como sendo “a raiz de toda mágoa”...
Mas, se a “expectativa” é algo que não nos traz benefícios, por que não abrir mão dela?
Bem, dentre os muitos conceitos sobre o assunto, de um modo geral, podemos definir o vocábulo “expectativa” como sendo o “ato de esperar um resultado de algo ou alguém, mediante probabilidades e pressupostos. O que deixa margens para incertezas, resultando muitas vezes em decepção e mágoa por parte do expectador”.
Diante do exposto, o ideal seria não criá-la, no entanto, essa é uma ação, que mesmo inconsciente, é muito frequente em nossa vida!
É só pensar em fazer alguma coisa, e lá vamos nós sonhar com um resultado, e ele vem, é claro, sempre acoplado a cenários fantásticos, com pessoas perfeitas e com desfechos mirabolantes...
Embora possa parecer simples, ou seja, tirar de uma vez essa tal “expectativa” da nossa vida não é tão fácil assim, e mais difícil ainda é ignorá-la...
Num primeiro momento é preciso estar certo de que, abrir mão da expectativa, significa praticar o desapego.
Quer coisa mais complicada que isso?
Desde a mais tenra idade aprendemos a nos apegar a pessoas e objetos – pai, mãe, irmãos, avós, brinquedos, etc., – no intuito de garantir uma vida harmoniosa.
Essa seleção, inclusive os nossos apegos, dependem dos nossos julgamentos que, por sua vez, estão intimamente ligados a nossa base de conhecimentos...
Levando em conta que não somos perfeitos, esses julgamentos poderão nos levar a percepções distorcidas.
Sobrepondo as nossas percepções distorcidas, vamos idealizando nossos projetos pessoais, determinando tempos, espaços e condições ideais em relação aos mesmos. E o mais intrigante é que, nesse processo, a medida que vamos aprimorando as ideias, vamos aglutinando coisas e pessoas que julgamos necessários para a consecução do objetivo traçado. Quando digo pessoas, isso não quer dizer que solicitamos o seu consentimento, para ali se fazerem presentes, apenas as incluímos.
Sem um aviso prévio, e a partir dali, passamos a alimentar a esperança de que, o outro ou outros, irão captar a nossa carência ao ponto de retribuir as nossas necessidades tal qual a idealizamos.
Ledo engano. Ninguém possui uma “bola mágica de cristal”, capaz de identificar os nossos pensamentos e desejos. Sem contar que cada um já possui os seus.
Penso que, desapegar, talvez seja o primeiro passo, pois alimentar esperanças em relação ao outro, mediante as próprias carências é perder tempo.
A felicidade de “SER” deve nascer e estar contida em nosso âmago!
É preciso aprender a viver plenamente, sem imputar aos outros, responsabilidades complementares.
Idealizar é preciso sempre, mas estar com os pés no chão e a razão além do coração, também!