Textos


Viajando no tempo ou no espaço



Por mais simples que seja uma viagem, suas lembranças sempre resultarão em boas histórias. As minhas são repletas de acontecimentos...
Pegar estrada - viajar livremente, sentir a força do vento contra o rosto, fazer novas amizades...Quem nunca idealizou tal momento?
Esse, sem dúvidas, sempre foi o meu sonho favorito. Se tivesse como, viveria na estrada eternamente, atravessando as fronteiras geográficas e principalmente, as da alma.
Conhecer lugares, pessoas, histórias, enfim, esse é um desejo que cultivo e procuro na medida do possível-desde a mais tenra idade, viver. Gosto de desbravar espaços. Embora, na verdade, tenha feito menos viagens territoriais do que as que pretendo ainda fazer na vida.
Acho que esse prazer de conhecer novos ares, tenha origem genética. Meus pais, há muito tempo atrás, deixaram o conforto do lar, da pequena cidade de Auriflama – SP, e “sem lenço, mas com documentos”, se aventuraram na capital de São Paulo- terra da garoa, com três filhos pequenos – me incluo nesse contexto.
O que me vem à lembrança nesse momento é que, enquanto garotinha, mudamos de casa pelo menos umas seis vezes. O fato de não possuirmos na época uma casa própria, favoreceu em muito, o aprendizado de arrumar bagagens, conhecer novos bairros e conquistar novas amizades, etc.
Adorava ir lá em cima, no caminhão de mudanças – sentindo o vento quase me derrubar -lógico que longe dos olhares materno. Naquele tempo, não era comum se utilizar caminhões -baús para mudanças domésticas.
Voltando ao assunto...
Não sou uma pessoa viajada, conheço sim, um pouco da América do sul, do “Velho Mundo”, e outro tanto do meu jovem país – o Brasil, mas é principalmente através da mente que mais viajo e me divirto.
Viajar, na minha concepção, nem sempre significa ir para uma outra cidade, estado, país ou continente. Podemos incursionar e excursionar, no nosso entorno, nas páginas de bons livros e principalmente na introspecção da mente - no próprio “EU” – não que nesse último território seja muito fácil caminhar, mas...
Quando me organizo para conhecer um novo lugar, primeiro vou até ele através de conhecimentos prévios adquiridos nos livros ou em outras fontes, o que me ajuda a navegar mentalmente idealizando cada situação futura.
Valendo salientar que, nem sempre vivo o que idealizo e vice-versa. O real as vezes não me apraz muito! Mas isso não é motivo para não aproveitar cada situação. Procuro o lado bom de tudo e ponto final.
Um fato curioso e hilário que não me esqueço, aconteceu em 1977, quando pela primeira vez fiz uma viagem para outro país. Morava na época em São Paulo – capital. Céu sempre poluído impedindo o contato visual noturno com as estrelas. Sem contar que, a correria do dia a dia, também me impedia de observar a beleza contida na natureza.
Durante a viagem, a estrada a noite me dava muito medo - sim, íamos viajando de carro para o Uruguai sentia-me insegura, achando que poderia precisar e não conseguir - caso fosse necessário, algum atendimento para o meu filhinho, que tinha apenas dois aninhos. Nessa tortura mental e no breu que se fechava em torno do carro, olhei para o céu e vislumbrei a coisa mais linda! As estrelas faiscavam bem próximas de mim.
Automaticamente gritei: Nossa como o céu daqui é lindo! Diferente lá de São Paulo...
Minha admiração foi motivo de boas gargalhadas, daqueles que viajavam conosco.
Meu esposo rapidamente consertou a situação justificando a minha inocência, dizendo que a falta de luz na estrada, facilitava o meu vislumbre, bem como, o que me impedia tal visão lá em São Paulo, era a constante poluição. Nunca esqueci...
Mas, das minhas andanças pelo mundo, trago boas recordações, algumas decepções, muitas lições e boas amizades, que incorporei à minha vida, como aprendizado.
Sair da nossa redoma de vez em quando, é extremamente necessário para o bem viver!
Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 18/04/2017


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr