Textos


Ponto de equilíbrio


“Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos.”
(Nietzsche)

Desde que me conheço por gente – e olha que já faz um bom tempo –, sempre lutei por meus pensamentos e ideais, mas nunca desrespeitei os alheios. Hoje, refletindo um pouco sobre minha vida, veio-me à mente essa frase de Nietzsche acima citada e resolvi mostrar, em palavras, minha indignação sobre um fato por mim vivido.
Dias atrás, fui criticada indiretamente em determinada situação. Na hora, até reconheci meu exagero no assunto em questão. Mas, sinceramente, não vi naquilo prejuízo algum para minha pessoa ou para as outras…
No momento, deixei de lado e até pensei não ter me importado com o comentário, no entanto, logo depois, peguei-me ruminando o assunto e me questionando – como equacioná-lo, se ainda estava tão presa às opiniões alheias?
Revolvendo meus arquivos mentais, não foi difícil recordar que aprendi, desde a mais tenra idade, a buscar minha autossuficiência, fosse na prática dos bons costumes, cuja base moral sempre foi forte, ou mesmo no desenvolvimento das habilidades e aptidões inatas ou outras tantas aprendidas – sem, no entanto, me isolar dos meus pares, mas, antes, aperfeiçoando meus conhecimentos com estes. Hoje, mais do que nunca, sei que a troca de saberes no crescimento individual é imprescindível!
Sem uma resposta plausível para a minha angústia, continuei o raciocínio.
Reconheço que “viver em sociedade” é algo primordial em nossas vidas. No entanto, viver socialmente em equilíbrio é uma tarefa um tanto espinhosa, é como andar numa constante corda bamba, onde temos de nos manter em equilíbrio – ora satisfazemos o próprio ego, ora o dos outros. Vez por outra, temos que abrir mão da nossa liberdade em detrimento de outrem.
Sou fruto de uma geração completamente diferente desta. Assim como muitos, tenho tentado me adaptar ao novo, atualizando o meu DOS – sistema antigo –, enquanto muitos já estão no Windows. No entanto, os erros são mais frequentes que o esperado.
Talvez minha reação tenha sido um tanto estapafúrdia, haja vista a minha vida toda ter sido um eterno feedback nas relações e, de repente, queimo-me por uma besteira. Ou, talvez, o comentário tenha chegado como a última gota do pote... Fato é que, o pote transbordou, e eu me aborreci mesmo!
Reconheço que meu círculo de amizades cresceu muito com o advento das redes sociais – espaço destinado à comunicação de um modo geral – e muitos desses amigos, nem os conheço pessoalmente, são apenas virtuais, o que não é o caso em foco! No entanto, também não tenho grandes aproximações com a pessoa envolvida...
Às vezes, acredito que sei o que se passa no mundo e na cabeça dos outros – ou pelo menos, penso que sei –, assim como também me exponho timidamente, coisa que até bem pouco tempo não me era possível, isso tudo, através das postagens diárias… Lógico que procuro filtrar tudo o que me chega virtualmente.
Exagero meu quando digo que sei o que se passa na cabeça deles. Pura heresia minha! Ninguém sabe nada de ninguém, ou melhor, sabemos dos outros apenas o que nos é permitido acessar.
Preciso rever minhas Leis Interiores. Manter a fidelidade aos meus pensamentos e atitudes diante de comentários limitadores, já não está sendo tão simples para mim… Contudo, a essa altura da vida, não posso me moldar a certas imposições.
Dia desses, minha filha me disse: – Mãe, você está chegando num ponto onde vê, ouve e fala apenas o que quer!
Talvez seja esse o meu ponto de equilíbrio.
Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 18/08/2020


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr