CHEIROS RESCENDENTES
A janela escancarada
revela a paisagem
de uma tarde calma e chuvosa.
O cheiro da terra molhada
ainda rescende.
Relâmpagos cintilantes riscam
o céu com estrondosas lembranças.
Flashes de puríssimo encanto,
trazendo deleite
na monotonia vespertina.
Imersa em sensações fugidias,
vou (re)descobrindo
num tempo fragmentado,
fragrâncias genuínas
que embriagaram meus dias.
Numa miscelânea de cheiros,
os versos sutilmente amadeirados
vão se aglomerando,
denunciando o teu prazer
que de longe me espreita.
Meu coração?
Liricamente apaixonado
sai versejando apressado
esse tal de “bem querer”.
Sem se importar com o tempo,
se faz sol, ou se ainda vai chover...
Um novo soprar de vento
estremece o meu corpo
ainda tépido de emoções.
Aspiro fundo a brisa fresca,
Que, como bálsamo,
Faz-me retornar tranquila.
A chuva se foi.
O cheiro permanece – o teu.
Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 06/04/2021
Alterado em 06/04/2021