Textos


Apenas um jeito de amar

 

 

 

 

Neste mundo em que os valores são questionados a todo instante, eu ainda mantenho o meu jeito antigo de amar.

Não consigo acompanhar as modernidades desse setor dos sentimentos. Quando amo, amo por inteiro, com direito a chateações, implicâncias, ciúmes, momentos felizes e tristes, também.

Um dos grandes problemas que enfrento é a tendência de imaginar os prós e contras de tudo o que vivo. Sofro antecipadamente no trânsito das suposições. Analiso as características, e vou agregando-as aos meus desejos e ideais, até formar o modelo perfeito, sem defeitos. Sem defeitos?!

Quando o balanço final não chega nem perto do imaginável, gerando um déficit, desisto logo. Mas se o resultado me parece positivo, invisto todas as minhas fichas, mesmo que, lá na frente, venha a me arrepender.

A vida toda tentei seguir, ao máximo, os passos desse sentimento – se é que se pode seguir tais passos –, ou melhor, entendê-lo, a fim de não se deixar levar por caminhos tortuosos. Conselhos? Sempre atentei para as dicas dos mais entendidos no assunto, e, mesmo assim, vez por outra, decepcionei-me.

Pense como é complicado!

Há quem diga que, antes do amor acontecer, a paixão é quem domina o relacionamento. Seria como “um amor de verão”, digamos assim... Passageiro e desenfreado. Insensato, talvez.

Refleti sério sobre isso e cheguei à conclusão que talvez seja essa a razão de tantos desacordos e sofrimentos até que se chegue a um ponto em comum, e, finalmente, ao sentimento mais refinado: o amor.

Quer saber? Acho que, mesmo consciente dos encargos cobrados pela paixão, ninguém nunca conseguiu chegar ao amor sem antes passar por ela. Aliás, em muitos relacionamentos efêmeros, acho que nem se consegue sair dela, ou seja, ultrapassar esse patamar.

Particularmente, acho que nunca consegui separar um do outro. Por isso tantos conflitos em meus caminhos.

Preço alto ou não, sou sincera, nunca deixei de sonhar os sonhos lindos que me fazem ser assim: uma pessoa que busca, de todo jeito, um jeito de ser feliz.

Se fosse possível juntar, nos relacionamentos, o útil ao agradável, seria uma perfeita combinação, mas há que se entender que somos perfeitos na nossa individualidade. Cada um é cada um no universo; portanto, por mais afinidades que se descubra entre dois seres, ainda assim continuarão únicos!

Talvez o segredo esteja em descobrir, aos poucos, os próprios mistérios da convivência, e não os do outro. E quando os mistérios se esgotarem? Será esse o fenômeno que chamamos de rotina? Quantos mistérios!

Mas acredito que não, os mistérios são inesgotáveis, somos humanos, sempre haverá segredos a se desvendarem juntos.

Os meus?

Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 07/01/2022


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr