Habitando o meu pensar,
as peraltices da infância
me levam a caminhar
por essas bandas.
Delicio-me no sabor
do pirulito de açúcar queimado.
Na brincadeira inocente
do passa-anel,
ou na alegria de ver correr,
na enxurrada,
os barquinhos de papel.
Na frenética correria,
para remexer as cinzas
das fogueiras de São João,
em busca de esquecidas
batatas doces.
Na mudança de humor,
diante das broncas da minha mãe,
tendo que tomar outro banho
- por chegar suada -
depois de brincar de pique-esconde.
Na leveza da alma,
nas canções mal cantadas
enquanto lavava a louça,
ou arrumava a casa.
Com a voz esganiçada,
mas carregada de emoção...
“Sonhar contigo, por toda a vida...”