Textos


Festival junino de cores

 

 

Você já observou a variedade de chapéus, adornos e modelos de roupas juninas, oferecidas nessa época do ano? Não?

Eu também não tinha reparado nisso, até essa tarde, quando fiquei de castigo, aguardando por alguém que, por alguma razão, deixou de cumprir pontualmente com o horário marcado...

Enquanto esperava, e meio impaciente, resolvi passar o tempo olhando as novidades de uma barraca de fogos de artifícios, bem próxima de onde eu estava.

Com a mente solta em meio ao colorido ofuscante, eu me perguntei de onde se originava a variedade de tecidos e modelos de vestidos, bem como os chapéus de palha desfiados nas bordas e os remendos, nas roupas dos matutos que dançam quadrilha?

Continuando o passeio entre os vestidos multicoloridos, voltei sem querer no tempo, e lembrei-me das palavras da minha mãe, quando nos sentávamos para jogar conversa fora, e ela, certo dia, comentou sobre as festas na sua juventude.

Criada na roça, as únicas diversões eram ir à missa aos domingos e as raras festas que aconteciam nas fazendas vizinhas – nas casas dos moradores e não dos fazendeiros.

Nessas ocasiões, o cuidado em vestir as melhores roupas se estendia tanto às moças quanto aos rapazes, pois as oportunidades de namoro aconteciam nesses bailes.

Vestidos novos eram confeccionados pelas donzelas, aliás nem sempre. Muitas vezes, em face às dificuldades do momento, reaproveitavam um vestido já usado, remodelando-os com retalhos guardados de costuras antigas. Assim eram comuns vestidos com detalhes de outra estampa ou cor.

Quanto aos rapazes, a vaidade também se fazia presente, as roupas eram arrumadas para a ocasião. Como era hábito comprar roupa uma vez só ao ano, geralmente, pelo uso constante da ida às missas nem sempre se tinham roupas boas para as festas. Lá pelo final do ano, as calças ficavam muito gastas na altura dos joelhos, assim também acontecia com as camisas. Desgastavam o colarinho, os punhos e os cotovelos – quando de mangas compridas. O jeito era remendar tais peças, mas vale salientar que os remendos eram da mesma cor da peça de roupa. Essa prática era tão comum que as pessoas nem reparavam. O importante eram estar limpinhas.

O curioso é que houve um tempo em que os “remendos” nas roupas passaram a ser moda. Usar blusas, paletós e calças, com remendos externos, era um charme. Assim sendo, era comum ver, até mesmo em calças jeans relativamente novas, cheias de remendos externos nos dois joelhos, ou jaquetas e blazers – nos manequins das lojas – com os remendos em “corino ou napa”.

Acredito que tenha vindo de tais práticas do campo as peculiaridades das roupas juninas, haja vista essas festas terem a sua origem nas comemorações não apenas dos santos do mês de junho (Santo Antônio, São João e São Pedro), mas, também, por coincidir com o período das colheitas.

Aqui no Nordeste as festas juninas são as mais comemoradas, em decorrência, também, do resultado do plantio do período chuvoso, que, de vez em quando, apresenta uma colheita farta!

A certeza de que tenha descoberto as respostas em relação as minhas dúvidas na verdade não tenho, pois são apenas especulações; porém, enquanto não descobrir outras mais plausíveis, vou ficar com essas…

O que sei, com certeza, é que as festas juninas, não apenas aqui no Nordeste, mas em todo o país, é uma das comemorações mais populares e festejadas!

Aqui em Mossoró, em especial, “O pingo da mei dia” é o ponto alto dos festejos juninos, abrindo a grande festa que prossegue durante todo o mês de junho, com shows musicais, a cidadela – com artesanatos e comidas típicas, concurso de quadrilhas, cantorias etc.

E vamos lá... Anarriê...Alavantú... Balancê...

Vanda Jacinto
Enviado por Vanda Jacinto em 12/06/2022


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr