Subiaco, comuna italiana da região do Lácio, província de Roma. Com aproximadamente nove mil habitantes, organizados numa área de 63km². Subiaco é sinônimo de tranquilidade. Cheia de altos e baixos, ruas estreitas e floridas, mesmo no período do inverno é incrível! Acho que todas as casas de lá, possuem jardineiras com gerânios e cíclames de cores das mais variadas possíveis. Um mimo!
A casa onde ficamos não era diferente das demais: três quartos, cozinha maravilhosa, banheiro, lareira, aquecedor em todos os cômodos, ou seja, não bastasse o calor humano daqueles queridos que nos receberam, ainda encontramos uma casa quentinha onde, aos poucos, deixamo-nos acomodar.
Que noite maravilhosa! Nada como poder deitar e esticar as pernas - quero dizer, depois de me aquecer bem entre os lençóis, mantas e edredons.
Quando tudo parecia perfeito, e encantados que estávamos com o aquecimento interno, achamos por bem aumentar a temperatura. Quer dizer, fomos mexer onde não devíamos... O resultado foi que deu um tilt e tudo ficou um breu danado.
A essa hora, com quase todo mundo deitado, pareceu que, de repente, tínhamos marcado um encontro no corredor da casa. Cada um com a lanterna do próprio celular ligada, iluminando os espaços, tentando encontrar a falha do sistema.
Por sorte, ou diante dos muitos pitacos, num liga e desliga frenético de chaves, conseguimos fazer voltar a energia, mas não o aquecimento central.
O jeito foi voltar o mais rápido possível para a cama. Só não passamos frio porque Anna, a nossa prima, abasteceu a casa com muitos edredons, mantas, cobertores; enfim, dava para aquecer um batalhão.
Dormi, feito um anjo! Acordei no meu horário costumeiro, pois o meu relógio biológico, pontual como sempre, não se deixou confundir com jet lag. Pé ante pé, fui até a janela, mas, ao abri-la, decepcionei-me, estava muito escuro, nenhuma estrela no céu cintilava e um frio que doía nos ossos!
Voltei depressa para a cama, pois não via outra alternativa. Ainda dormi outro soninho e acordei, definitivamente, às cinco horas. Ainda estava escuro! Tomei banho, andei pela casa feito um zumbi, pois todos ainda dormiam. Fiz um cafezinho esperto e campeei o que fazer.
Abri a porta e vislumbrei um espetáculo natural: a neblina baixa cobria os vales, até onde a vista dava para ver, e também os cumes das montanhas cobertos de névoas. De tirar o fôlego!
As chaminés das casas fumegando denunciava o amanhecer e, com ele, os afazeres domésticos.
Fui até as floreiras e comecei, automaticamente, a tirar as folhas amarelecidas dos gerânios - costume que herdei do meu pai, que não podia ver folhas amarelas, nas plantas, que cuidava logo em tirar.
Meus dedos, em contato com o orvalho gelado da noite, foram ficando duros, só então fui verificar a temperatura: Sete graus. Resolvi entrar e me aquecer. Afinal, sair do Brasil, especificamente, do Rio Grande do Norte, com trinta e cinco a quarenta graus, e enfrentar sete, é bem difícil.
Enquanto tomava mais um cafezinho, fiquei olhando e ouvindo o grasnar das gralhas - pela janela da cozinha - quebrando o silêncio daquela manhã cinzenta e fria.
Por que não sou como as outras pessoas que aproveitavam o frio e ficavam debaixo das cobertas?
Na verdade, gosto de estar sozinha, às vezes.