31 de dezembro, dez horas da noite. Tínhamos acabados de chegar ao hotel no qual ficaríamos hospedados por três dias.
A espera pelo check-in nos preocupava. De repente, minha filha chega com ar preocupado e comunica que, devido ao isolamento de Covid, teve que pedir outro apartamento. Mesmo dizendo que já estavam no quinto dia e assintomáticos, o gerente exigiu que ficássemos cinco dias no hotel, totalmente isolados, sem direito sequer a sair do mesmo.
Chateados, mas sem outra opção, resolvemos acatar.
Pense, em plena virada do ano, num país distante e ainda por cima isolados! A ideia era absurda, mas tivemos de aceitar. Após as devidas acomodações, minha filha insistiu que fôssemos – eu, o Jacinto e a Ana – comemorar a passagem de ano no restaurante como havíamos planejado. De pronto, rejeitei a ideia, mas fui vencida.
Totalmente sem graça, saímos os três – os únicos sem Covid. Fomos até o centro da cidade, no restaurante onde tínhamos reserva para o banquete do Ano Novo.
Nada tinha sentido para mim. Os pratos foram servidos – um mais atraente que o outro, mas muito mal os provei. Ana e o Jacinto ainda conseguiram jantar – acredito que o vinho deve ter facilitado o momento angustiante pelo qual passávamos.
Chorei quando os fogos começaram a pipocar e ao ver as pessoas se abraçando numa alegria total. Olhávamos um para o outro, como três panacas desorientados – nos abraçamos e nos desejamos um Feliz Ano Novo.
Assim que possível, voltamos para o hotel, pois, àquela altura – dia primeiro de janeiro – foi dificílimo conseguir um Uber. Ainda levamos o jantar para os convalescentes. Mas, também chateados, pouco comeram.
Assim iniciamos o ano. O que aprendi? Que nem tudo sai como planejamos. E que precisamos ter aceitação, resignação, diante do que não podemos mudar.
Os dias que se seguiram também foram monótonos. Não tinha graça nenhuma passear só os três.
Ainda fomos até o centro da cidade: conhecemos a Catedral de Santa Maria Del Fiore, porém sem grande entusiasmo.
Quando voltávamos para o hotel, na recepção éramos olhados de rabo de olho. As camareiras mal atendiam aos nossos pedidos. Arrumar os quartos? Nem pensar!
Eu que, com certeza, não estava com covid, mas com a “Influenzae Australiana”, tossia sem parar. As pessoas ficavam me olhando de vesgueio, embora eu portasse a máscara. Sensação horrível!
Nosso passeio diário, além de pequenas caminhadas no entorno do hotel, se restringia em ir até a farmácia comprar teste para Covid. Já não aguentava mais testar. Todos os dias.
Não sem tempo, e após os longos cinco dias, até que enfim saímos daquele purificatório. Só então, todos juntos, fomos passear na cidade que viu nascer Dante Alighieri. Infelizmente, já não dava para cumprir a programação feita. Desculpe-nos, Michelangelo! Nem vimos a sua tão famosa obra de arte: a escultura de Davi. Mas, vimos o Crucifixo do Espírito Santo, também obra sua, à exposição na Basílica de Santa Maria do Espírito Santo. Ainda assim, valeu!
Fomos até a Praça Del Duomo, Catedral de Santa Maria Del Fiore, de arquitetura gótica, e cujos telhados das cúpulas são de telhas de terracota. Agora sim, todos juntos apreciávamos as belezas de Florença. A catedral parecia até mais grandiosa! Fiquei maravilhada com o Batistério! Passeamos ao longo da margem do Rio Arno e passamos pela Ponte Vecchio – uma estrutura diferente com arcos medievais, edificada sobre suas águas. Curiosamente, com casas e lojas suspensas ao longo da sua extensão.
Tudo muito interessante, mas é hora de arribar.
Pegamos a estrada com destino a Milão, antes passamos em Parma para saborearmos um bom Risoto! Desta vez, comemos com mais ânimo, todos juntinhos. Até!