Chegamos a Pipa já no final da tarde. Mal colocamos as bagagens dentro de casa, saímos na esperança de ver o pôr do sol na praia. O dia esteve meio nublado, vez por outra dava uma garoada, mas, a seguir, o sol abria com força. E, na expectativa de que assim continuasse, fomos: e foi exatamente o que aconteceu. Deleitamo-nos com a beleza exuberante do sol poente – com direito a arco-íris e tudo.
Ficamos ali um bom tempo. Para ser sincera, até as ondas nos expulsarem. A faixa de areia fica quase nada quando a maré está cheia. O mar tem cobrado o seu espaço em todo litoral nordestino, aqui também não tem sido diferente.
De volta à confortável casa alugada, fui organizar a bagagem nos seus devidos lugares. Sabe aquela velha alternativa de levar sempre consigo um bom livro, caso dê alguma zebra? Pois é, o coitado ficou largado na mesinha de cabeceira. Faltou tempo para cumprir toda a programação!
Foram dias maravilhosos! Um passeio melhor que o outro. Lógico que, pela manhã, a minha caminhada pela praia acontecia, todos os dias – foi obrigação sagrada. Saía silenciosamente para não incomodar o pessoal. Mesmo porque adoro andar sozinha, e poder observar tudo ao meu redor.
Por falar nisso... Na praia, assim que cheguei, percebi uma senhora de idade mediana, puxando uma rede de pesca. Após tamanho esforço, sentada no chão, observava os poucos frutos do seu trabalho. Curiosa, fui parabenizá-la pela coragem de enfrentar uma atividade tão pesada – geralmente, destinada aos homens. Contou-me que aprendeu a pescar, e lidar com o barco, com o seu parceiro. Costumava acompanhá-lo nas pescarias e, depois da sua morte, para o seu sustento, passou a fazê-lo só, embora não se afastasse tanto do litoral. Achei-a de uma competência fenomenal!
Ainda com aquela imagem na cabeça, continuei a caminhada. O sol já começava a queimar o juízo, quando resolvi voltar.
Em casa, a animação já era grande, o aniversariante já estava a postos. O churras prometia. Após o café, colocamos a mão na massa! Maionese, farofa, vinagrete, foi tudo perfeito – só tirando a chuvinha fina, de vez em quando – o que não tirou o brilho da festa. Encerramos o dia com chave de ouro: após os parabéns e saborearmos um bolo delicioso, fomos passear no centro da cidade, que parecia mais um gigantesco formigueiro. Deliciei-me!
A seguir, os jovens foram para uma noitada; e nós, cansados, voltamos para casa.
Demorei a pegar no sono, mas nem fiquei preocupada, comecei lentamente a contar os golfinhos… ops, os carneirinhos. Meu pensamento já estava voltado para o dia seguinte. Faríamos um passeio na Baía dos Golfinhos.
O dia amanheceu lindo! Faríamos o passeio logo cedo, pois o horário melhor de ver os golfinhos é das sete às nove horas. Engolimos o desjejum e saímos: enjoar não fazia parte do pacote.
Não vimos tantos golfinhos. Entretanto, o passeio pela costa foi divino! Conhecemos de perto algumas praias de difícil acesso.
Voltamos maravilhados, e com uma fome medonha. Só mesmo a feijoada já preparada com todo o carinho nos fartou.
Depois de uma tarde modorrenta, nos animamos para a última noite. No domingo, logo cedo, voltaríamos para casa. Escolhemos um bom restaurante, onde relembramos os melhores momentos dos dias ali passados. Muitas gargalhadas e boas lembranças.
Ao som do burburinho, e extasiada com o momento, perdi-me em pensamentos. Bastaram uns dias fora de casa para perceber que a vida pulsa fora do nosso reduto familiar. Incrível como nos habituamos a uma rotina que suga o nosso ânimo, deixando tudo sem graça – ou quase.
Vez em quando, precisamos sair da nossa zona de conforto e encarar o mundo e suas diversidades. Conhecer outras realidades nos fortalece.
Até a próxima aventura.